sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Bentida mosca - parte 3

- Demorei?
- Imagina, valeu a pena.
Saímos andando e conversando em direção a escola.
- Sabe Carol, ontem a noite eu fiquei me perguntando uma coisa.
- O que é?
- Será que você vai na festa da Anna Cláudia no sábado que vem?
- Aham, vou sim, e você?
- Agora eu vou – disse ele dando o meu sorriso preferido.
Acho que estou meio confusa, não é possível, Luan Barreto está dando em cima de mim, acho que estou realmente vermelha agora.
- Luan, posso te perguntar uma coisa?
- Claro Cá, posso te chamar assim?
- Pode sim. Você está realmente namorando com a Jaqueline do segundo ano?
- Claro que não, aquela menina é insuportável, quem lhe disse isso?
- Bom, está rolando esse papo na escola toda.
- Sério? Não, não estou. Estou absolutamente solteiro.
- Hum, só para saber mesmo. – confesso que fiquei bem feliz com a notícia e tive que lutar um pouco para não deixar transparecer o sorriso que teimava em crescer no meu rosto.
Chegamos a escola bem na hora, entramos e logo um dos amigos dele o chamou, nos despedimos e eu fui para a minha sala onde Lisa me esperava ansiosamente com mais cinco meninas. Elas estavam quase quicando na cadeira de curiosidade quando Lisa me perguntou:
- Como assim Luan Barreto é seu vizinho de porta e você não nos conta nada Carolina Goes?
- Eu juro que eu não sabia, descobri ontem depois da aula. Calma gente, ele é só uma pessoa normal.
- Ah, fala sério Carol, ele é o cara mais lindo da escola e você também achava isso até ontem, vai falar que você não se derretia toda por ele? – perguntou a Vitória
- Me derretia sim, mas agora eu sei que ele é um cara como outro qualquer.
 Claro que não era isso que eu realmente pensava dele, mas eu não podia deixar transparecer nem um pouco o que eu achava que estava acontecendo entre mim e ele. Isso seria uma espécie de suicídio já que todas as meninas gostariam de estar no meu lugar.
A aula, ainda bem, ia começar, não consegui prestar muita atenção em todos os horários, minha cabeça estava lá no terceiro ano.
 Na hora do intervalo resolvi ficar na sala escutando música e conversando com as minhas amigas. Estávamos conversando sobre sutiãs coloridos, assunto normal entre nós, quando ouvi aquela voz que me fazia derreter:
- Cá, posso falar com você – era o Luan com um sorriso lindo de morrer.
- Claro. – disse levantando-me e indo em direção a porta onde ele estava encostado.
- Vem aqui, quero lhe apresentar a alguns amigos meus.
- Mas, para que?
- Digamos que eles queriam saber quem é a garota linda que chegou comigo hoje de manhã, me desculpe por isso.
- Ah, tudo bem!
Devo confessar que me senti estranha com isso, os amigos do Luan, todos gatos, do terceiro ano querendo me conhecer porque me acharam bonita? Digamos que eu não estava muito a vontade com toda essa atenção, eu sou realmente tímida e nunca repararam em mim, pelo menos eu acho.
- Galera, essa é a Carol, minha amiga e vizinha.
- Oi gatinha! – disse um deles que era conhecido por Kiko.
- Oi. – respondi desconfortável.
Todos me deram beijinhos na bochecha, eu estava realmente com vergonha e me sentindo uma daquelas meninas que só andam no meio dos garotos se oferecendo e tentando ser popular sabe? Então inventei uma desculpa e fui para a minha sala.
- E ai, como foi lá? – perguntou a Lisa quando eu entrei na sala.
- Foi estranho, ele me apresentou a uns amigos que, segundo ele, o pediram para apresentar à “garota linda” com quem ele chegou hoje de manhã.
- Como assim, você veio com ele? – perguntou espantada a Raquel.
- Aham, quando eu estava saindo de casa ele também estava então viemos conversando.
- Carol, o Luan está dando em cima de você! – afirmou a Anna.
- Claro que não gente, por que ele daria em cima de mim?
- Por que não daria Carolina? – disse revoltada a Lisa – Cá, se liga e deixe de ser besta amiga, você é linda! Seu cabelo é perfeitamente liso na raiz e cacheado de forma incrível nas pontas, é preto como carvão, você não é nem branca demais nem morena, está mais para rosada, sua boca é perfeitamente desenhada e seus olhos de um verde incrível, você é alta, magra e seu corpo é super proporcional. Nunca teve uma espinha na vida e tem uma pele absolutamente linda, unhas perfeitas e o sorriso mais verdadeiro que eu já vi na vida. Acho que está na hora de você se olhar no espelho um pouquinho e aprender a ver a sua beleza.
- Não sei não Li, te juro, não acho que ele ia querer nada comigo...
- A não, eu desisto Carolina, desisto mesmo!
- Tudo bem, eu vou provar para vocês, ele vai na sua festa Anna, veremos se ele vai querer alguma coisa comigo.
- Tudo bem, veremos. – disse a Anna.
A aula recomeçou e passou voando, no final eu estava, tradicionalmente, arrumando minha mochila quando você - sabe - quem bateu na porta e disse:
- Cá, será que você não quer companhia para ir pra casa?
- Ah, tudo bem – disse eu sorrindo.
Saímos da escola em silêncio, o clima estava estranho, mas eu realmente não queria falar nada, estava um pouco envergonhada devido ao episódio com os amigos dele.
- Cá, hoje no intervalo, foi tão estranho para você quanto eu acho que foi?
- Sinceramente? Foi sim, eu devo confessar que eu me senti um tanto quanto desconfortável e um pouco desrespeitada pelas brincadeiras dos seus amigos.
- É, eu sei, imaginei que você tivesse se sentido assim. De qualquer forma, me desculpe, já falei com eles e te garanto que não irá acontecer de novo.
- Luan, eu não quero que você brigue com seus amigos por minha causa...
Ele me interrompeu colocando o dedo sobre o meu lábio e disse:
- Cá, eu não sei como te dizer isso mas eu realmente não acho que eles são meus amigos de verdade, eu não me sinto exatamente bem quando estou com eles, a impressão que eu tenho é que eles só querem se aproveitar da minha popularidade sabe? Eles são o tipo de amigo que se eu precisar eu não vou poder contar, será que você me entende?
- Não exatamente, mas seja como for, deve ser muito ruim só ter amigos com quem você sente que não pode contar.
- Não são todos, eu fiz uma que, bem, eu não sei se já posso contar, mas é uma pessoa com quem eu me sinto à vontade, confio e acho que posso contar... – ele disse dando um sorrisinho torto.
- E quem é essa?
- Bom, o nome dela começa com Caro e termina com lina.
- Acho que eu a conheço – eu disse rindo – pode ter certeza de que ela sente o mesmo em relação a você e que você pode contar com ela para tudo.
- Obrigada Cá, obrigada mesmo! – ele disse com um sorriso super sincero e me dando um abraço tão sincero e gostoso quanto.
- Você vai hoje na festa da Anna não é? – perguntei.
- Vou sim, você também vai não é mesmo?
- Aham – respondi dando-lhe um beijo na bochecha e caminhando em direção à porta de casa.
Entrei em casa e almocei, tinha salão as cinco e como estava muito cansada decidi dormir até as quatro. Me levantei, tomei banho e fui para o salão fazer a unha e o cabelo, eu tinha que estar perfeita nessa festa, seria minha primeira festa como amiga do Luan. Bem que eu queria que acontecesse algo nela, mas eu não podia me iludir, tinha que me contentar com o título de “amiga verdadeira”.
Chegada a hora da festa eu estava pronta, mas decidi que iria esperar um pouco mais para que não chegasse com a festa vazia.
Decidi sair com meia hora de atraso e assim que entrei avistei o Luan na pista de dança, ele estava absolutamente perfeito, seu cabelo estava ligeiramente bagunçado e ele estava com um terno preto e, por baixo, uma camisa rosa, sem gravata e com um tênis meio esportivo preto, meu estômago, é claro, se encheu de borboletas purpurinadas. Acenei para ele e enquanto ia lhe cumprimentar a Jaqueline, do segundo ano, veio em sua direção, o virou e deu-lhe um beijo forte.

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