sábado, 4 de dezembro de 2010

Bendita mosca - parte 4

Meus olhos se encheram de lágrimas, meu coração parecia ter virado uma uva passa de tão pequeno e murcho que ficou, todas aquelas borboletas subiram até a minha garganta e formaram lá um nó imenso, eu me virei e, como um impulso, saí correndo na direção da piscina tentando esconder a primeira de muitas lágrimas que estavam para escorrer pelo meu rosto.
Estava sentada na beira da piscina quando senti aquela mão forte e delicada tocar meu ombro esquerdo, ele se sentou na minha frente e disse:
- Cá, me desculpe, ela simplesmente me atacou.
- Está tudo bem – eu disse – não se preocupe comigo, afinal, o que eu estava pensando? Que rolava alguma coisa entre mim e o menino mais lindo da escola, eu fui uma burra mesmo, uma burra! – eu disse me levantando e andando para a direção oposta a ele – Me desculpe você por te encher e te fazer passar por essa situação ridícula.
Ele puxou meu braço de uma vez, me virou e me beijo ternamente, o melhor beijo da minha vida por sinal, suas mãos percorriam minha nuca até entrarem no meu cabelo, era como se cargas elétricas percorressem por todo o meu corpo e tilintassem em meus ouvidos de uma forma realmente gostosa. Quando o beijo acabou ele me afastou e olhando, com aqueles olhos lindos, em meus olhos me disse numa voz perfeitamente doce:
- Cá, eu sei que pode parecer cedo, que nos conhecemos a apenas dois dias, mas você quer namorar comigo?
Acho que o meu cérebro deu uma volta de 360 graus naquele instante, todas aquelas borboletas desceram de volta para o meu estômago e lá ficaram voando saltitantes, então eu respondi:
- Não Luan, me desculpe, mas não. Você nem ao menos gosta de mim dessa forma, sei que está me pedindo em namoro porque está com pena do meu coração partido e, de qualquer forma, você acabou de ficar com a Jaqueline e isso prova que você estava com ela e que mentiu para mim, afinal é isso que vocês, garotos populares, fazem não é mesmo? Vocês procuram várias meninas bonitinhas, fazem um charme para que elas se derretam e na primeira oportunidade ficam com elas na frente de todo mundo para dar uma de garanhão para os amigos depois não é mesmo? Me desculpe, mas por mais que você seja lindo e que eu sinceramente goste de você eu não quero ser mais uma que você vai sair mostrando para seus amigos que conseguiu.
- Eu não acredito nisso Cá, tudo que eu falei para você, você não acredita em nada?
- Não Luan, não acredito. Eu tenho certeza de que você só fez aquele papinho para conseguir ficar comigo e me mostrar para aqueles seus amigos idiotas!
- Lógico que não Carol, não tem nada disso, eu realmente gosto de você e tudo que eu falei com você foi a mais pura verdade!
- Depois desse beijo com a Jaqueline, nada mais parece verdade vindo de você. Boa noite Luan!
Saí de perto dele, tentando ser o mais forte possível e não chorar, devo confessar que foi bem difícil, mas eu ia conseguir. Fui até o banheiro e retoquei a minha maquiagem que estava um tanto quanto derretida devido ao choro. Saí de lá como outra menina, forte e decidida de que iria aproveitar a festa com as minhas amigas e não iria derramar mais uma lágrima se quer por causa dele, afinal, ele era apenas mais um menino por quem eu ia me apaixonar, eu tinha 15 anos, muitos outros viriam e se eu fosse sofrer por cada um deles minha vida seria repleta de lágrimas e tristezas.
Curti aquela festa como nenhuma outra, me diverti a beça e dancei como louca até a hora de ir embora que, na minha casa, era as 4:00 horas da manhã, ou seja, quando a festa ainda estava começando.
Cheguei em casa e cumpri meu ritual pós festa, lavar o rosto, retirar toda a maquiagem, tomar um banho, guardar minha roupa e meus sapatos, arrumar a cama, me deitar, rezar e dormir.
Acordei pela manhã com minha irmã de dois anos, a Luísa, cutucando a ponta do meu nariz e falando:
- Tóin, tóin, tóin!
- Bom dia linda! – disse a ela.
- Bom dia Calolina!
Puxei-a para o meu lado e comecei a fazer cosquinhas em sua barriga, ela era sem dúvidas o bebê mais gostoso de todos, além disso eu não brigava nunca com ela, ao contrário do que eu fazia com o Fred, meu irmão que era três anos mais velho e já estava na faculdade, esse entrou no quarto devido às nossas gargalhadas para ver o que estava acontecendo, estávamos os três sozinhos em casa como em todo sábado de manhã. Ele pulou na cama e ficamos os três brincando e fazendo cosquinhas, foi então que eu me lembrei do que havia acontecido e comecei a chorar levemente, ela se deitou ao meu lado e ele fez o mesmo, começou a afagar meu cabelo. O Fred era um idiota na maior parte das vezes, mas eu sabia muito bem que eu podia contar sempre com ele, sempre que eu estava mau era com ele que eu conversava e tirava minhas dúvidas, apesar das brigas ele era um bom irmão e meu melhor amigo no mundo todo. Contei a ele o que havia acontecido, ele sentou na cama e me perguntou:
- Carol, esse Luan não é o Luan Barreto é?
- É sim.
- Carolina, você é doida? Ele só fica com quem ele gosta e só pede para namorar uma menina que ele goste de verdade mesmo, já até o chamaram de frouxo por causa disso. Cá, eu sinto lhe falar, mas ele com certeza gosta mesmo de você e você foi bem bobinha em dizer tudo aquilo para ele.
- Jura?
- Juro!
- Ai meu Deus, e agora Fred?
- Cá, se ele realmente gosta de você como parece que gosta ele vai fazer alguma coisa para reconquistar a sua confiança, faz um pouco de charme, nós homens também gostamos de correr atrás de quem a gente gosta, ai você cede e cai nos braços dele!
Ele o disse com uma cara muito engraçada e indescritível que demos muitas gargalhadas e começamos de novo com as cosquinhas até que a Luísa disse algo próximo de:
- Eu vou fazer pipi se vocês não palalem!
Decidimos por bem parar e eu dei uma idéia:
- Gente, e se formos para a pracinha brincar um pouco?
- Legal! – gritou a Luísa.
- Acho que tudo bem, tem tanto tempo que não vamos lá todos juntos não é mesmo? – respondeu o Fred.
- Realmente, vou preparar uma cesta de piquenique para a gente levar. – eu disse entusiasmada.
Fui direto para a cozinha, fiz algumas panquecas, assei alguns cupcakes e fiz uma jarra bem grande de suco de laranja, depois de tudo arrumado na cesta com uma bela toalha xadrez fui trocar de roupa, coloquei uma roupa bem leve, chinelos e fomos.
Adivinha quem encontramos lá? Sim, Luan Barreto e seu irmão de três anos brincando na caixa de areia, a Luísa, é lógico, quis que eu a levasse aonde? Na caixa de areia! Levei-a e chegando lá disse:
- Oi Luan, tudo bem?
- Cá, por favor, me desculpe e tente acreditar que eu gosto de você de verdade!
- Desculpa Luan, mas é muito difícil para mim acreditar nisso, pensa bem e veja o meu lado também.
- Eu sei, mas eu vou te provar que eu gosto de você, você vai ver!
- Tudo bem, vamos Lú?
Peguei a Luísa e fomos para nossa toalha de piquenique comer o nosso lanche, estava realmente gostoso e eu fui muito elogiada pelos dois, devo confessar que herdei os dotes culinários da minha mãe. Quando chegamos em casa coloquei o Fred e a Luísa para arrumarem a bagunça que eu havia feito na cozinha com a desculpa de: “Eu cozinhei e vocês não fizeram nada para me ajudar então vocês limpam a minha bagunça.”, era a desculpa que minha mãe usava para nos fazer arrumar a cozinha aos domingos.
Fui para o quarto e liguei o computador, já havia um tempinho que eu não mexia devido aos meus estudos puxados, entrei no Orkut e no MSN e lá fiquei por algum tempo até que minha mãe e meu pai chegaram de sua trilha matinal e decidiram que iríamos almoçar fora.Tomei um banho bem gostoso e demorado, vesti, novamente, roupas leves, passei um pouco de rímel, blush e gloss porque eu também não sou de ferro, desci e encontrei todos sentados no sofá com cara de poucos amigos por estarem me esperando a uns quinze minutos, justifiquei que estava com areia por todo o corpo e por isso tinha demorado no banho, mas a verdade real é que eu tinha tido uma crise de choro no chuveiro me lembrando do meu encontro com o Luan pela manhã. O Fred que me conhecia muito bem entendeu o recado do: “estava suja de areia” e veio para o meu lado me dar um abraço.

Minha mãe nunca foi das mais presentes na minha vida amorosa, mas sabia quando algo estava errado por causa da ligação do Fred comigo, quando ele e eu estávamos carinhosos um com o outro e não estávamos brigando podia-se saber que eu estava com problemas, isso não era exatamente comum porque minha vida amorosa não era bem ativa, mas acontecia às vezes. Sendo assim ela me chamou no quarto para pegar algo, chegando lá ela me perguntou:
- Carol, está acontecendo alguma coisa?
- Não mãe. – menti.
- Cá, eu sei que alguma coisa está acontecendo e sei também que tem haver com menino, eu conheço você e seu irmão, quando vocês dois estão unidos pode – se saber que algo está errado com o coraçãozinho de um de vocês. Tudo bem se não quer me contar, eu te entendo, mas se quiser, eu estou aqui para o que você precisar viu?
Uma das melhores coisas na minha mãe é que ela sabia respeitar o nosso espaço e não ficava o tempo todo enchendo o saco para saber o que estava acontecendo, ela nos dava a liberdade de falar ou não o que estava acontecendo, não se metia muito nas nossas vidas, mas dava sempre a segurança de que estaria lá para o que precisássemos.
- Tudo bem mãe. – respondi.
- Te amo minha pequenininha! – disse ela apertando as minhas bochechas – Agora vamos!
 Saímos do quarto e fomos para a sala onde todos nos esperavam, fomos ao restaurante, almoçamos e depois decidimos dar uma volta no shopping para tomarmos um sorvete. Todos gostávamos do mesmo sabor: baunilha. Tomamos o sorvete e eu minha mãe fomos à minha loja de roupas preferida para vermos se havia algo legal, achei o short mais lindo de todos e que também estava super na moda.
- Mãe, por favor, eu preciso desse short para sobreviver! – Olha o drama!
 - Meu Deus do céu Carolina, você tem uns 150 shorts!
- Mas mãe, por favor! Eu não tenho nenhum que está tão na moda quanto este!
- Tudo bem Carolina, tudo bem!
Ela acabou comprando o short, eu era muito boa com pressão psicológica quando eu queria. Fomos para casa e chegando lá eu voltei para o computador, mas dessa vez para jogar “um pouco” de The Sims, acabei passando o resto da tarde, um pedaço da noite e da madrugada jogando, devo confessar que era meio viciante.
Acabei decidindo dormir, banho novamente, ritual para tirar a maquiagem, cai na cama e não demorei 5 minutos para apagar, eu estava realmente morta, tanto emocionalmente quanto fisicamente.

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