- Obrigada, você também vai embora por aqui?
- Aham, todos os dias. – começamos a subir a rua novamente.
- Sério, nunca te vi...
- É que eu geralmente saio mais tarde, e ai, onde você mora?
- Rua Carmen Souza e você?
- Mentira que você mora lá!
- Sério!
- Eu também!
- E a gente nunca soube – caímos na gargalhada rindo de nossa própria burrice.
Chegamos a nossa rua e continuamos andando até que chegamos na porta da minha casa e falamos ao mesmo tempo:
- Bom, eu fico aqui!
- Não acredito que você mora em frente a minha casa! – disse eu rindo novamente.
- Não é possível, nós devemos ser as pessoas mais distraídas do mundo!
- Com certeza, tenho que ir, estou morrendo de fome, obrigada pela companhia – disse eu dando um beijo na bochecha dele.
Num gesto muito fofo e inimaginável ele levou a mão a bochecha que eu tinha beijado e sorriu, não só com a boca ou com os dentes, mas com os olhos, de uma forma linda e cativante que, claro, fez com que o meu estômago se enchesse, novamente, de borboletas saltitantes e purpurinadas.
Entrei em casa e fui direto almoçar. Depois do almoço tomei banho e liguei para a Lisa:
- Li, vem aqui em casa umas cinco horas para a gente poder bater papo aqui na porta? Tenho umas coisas para te contar...
- Ta bom, cinco horas eu estou ai.
Sentei na minha escrivaninha e fui estudar física para ver se entrava na minha cabeça de uma vez por todas. Tentei vários professores particulares e nada, minha cabeça continuava se recusando a receber a matéria e eu continuava tirando notas ruins.
Quando acabei de rever o livro e fazer muitos exercícios olhei no relógio e ainda eram quatro horas, resolvi tomar um banho para parecer gente quando a Lisa chegasse. O fiz, troquei de roupa e arrumei o meu cabelo para que ele ficasse perfeitamente bonito, eu sei que era só a Lisa mas eu gosto de me sentir bonita ou, pelo menos, menos feia.
A campainha tocou e eu fui atender, era a Lisa:
- Ei xuxú, jóia?
- Aham, e você?
- Também. E ai, o que você tem para me contar?
- Li, é que... – a porta da casa da frente se abriu e o Luan saiu de lá.
- Vi você aqui pela janela – disse ele com um aquele mesmo sorriso do beijo na bochecha, o meu preferido por sinal.
- Lisa, Luan, Luan, Lisa. – fiz as apresentações.
- Cá, eu tenho que ir, tenho que acabar a atividade de matemática, amanhã no colégio a gente conversa ta bom? – ela disse se levantando do passeio onde estávamos sentadas.
- Tudo bem.
- O que deu nela? – disse o Luan sentando ao meu lado.
- Também não entendi. – eu disse confusa – E ai, queria conversar comigo?
- Não é nada, só bater papo mesmo.
- Tudo bem... – o silêncio foi inevitável e eu sabia que ele estava com tanta vergonha quanto eu, deva para ver suas bochechas coradas, sendo assim, resolvi puxar papo.
- Você já parou para pensar no porquê de apertarmos o controle remoto com mais força quando a pilha está fraca?
Tivemos os dois uma crise de risos e isso acabou fazendo com que o papo fluísse naturalmente, já eram oito horas quando a minha mãe abriu o portão e disse:
- Carol, já está na hora de entrar você não acha não?
- Ah sim, estou indo mãe!
- Tudo bem. – disse ela entrando mas deixando o portão aberto como um sinal de: “entre em casa agora”.
- Acho que eu tenho que ir – disse a ele.
- Que pena, estava me divertindo, você vai para a escola a pé também?
- Aham, saio umas quinze para sete.
- Posso te fazer companhia amanhã?
- Hum, deixe-me pensar... – disse eu fazendo charme – Claro que sim, bom que a gente vai rindo daqui até lá e começamos o dia de bom humor.
- É mesmo, bom, boa noite e bons sonhos. – disse ele me dando outro beijo na testa.
- Para você também – disse eu tentando fazer uma voz estável, acho que consegui.
Entrei em casa, jantei, tomei banho, li um pouco e quando, finalmente, me deitei para dormir aquele sorriso se recusava a sair da minha cabeça, era incrível como minha tarde tinha sido absolutamente mágica, acabei pegando no sono perdida nas lembranças do meu dia mais que perfeito.
Acordei atrasada e me arrumei num pulo para que não perdesse a minha companhia de caminhada, quando cheguei na porta ele estava sentado na calçada me esperando.
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